Desde que o mundo é
mundo, as mulheres têm muita coisa em comum. Os temas são os mais variados que
vão de questões cotidianas e vitais, como filhos e trabalho, passando por
preocupações estéticas, no caso, dieta, flacidez e depilação, e pelo tema homens
que, lógico, permeia muitas das conversas, até chegar a assuntos mais
delicados, como aborto e infidelidade.
Basta colocar na mesma sala duas mulheres que não se
conhecem e em pouco tempo elas já se tornaram amigas ou inimigas de infância.
E Mulheres, Tanta Coisa em Comum vai muito além disso. Na
comédia dramática escrita e dirigida por Renato Scarpin, que encerra temporada
no próximo dia 1 de outubro, no Teatro Augusta, onde está em cartaz desde 1 de
julho, essas relações são aprofundadas, bastante amplas e inusitadas.
Na montagem realista duas desconhecidas encontram-se em um
café para resolver uma questão em comum, a infidelidade. O que a princípio
poderia representar um abismo intransponível entre as duas personagens, começa
a ser conectado com pontes de identificação por meio das histórias de vidas de
ambas em um espetáculo repleto de mistérios, revelações, surpresas e situações
divertidas e instigantes.
No encontro, Tati (Maritta Cury), bailarina por formação e
dona de uma escola de balé, e Amanda (Carô Carvalho), empresária que nunca
realizou seu sonho de ser cantora, falam das peculiaridades do que é ser mulher
nos dias atuais. Também conversam sobre como lidar com os homens na
contemporaneidade, em um momento da perda dos valores nas relações humanas e da
banalização do amor em detrimento do sexo, levantando também a motivos que
fazem um homem ou uma mulher traírem.
No segundo momento da peça, as personagens saem do
território neutro, a cafeteria, para entrar em um mundo particular: o estúdio
de balé de Tati, proporcionando ao público um espetáculo à parte, com uma
poética transformação do cenário.
A cenografia é assinada pelo artista plástico e cenógrafo
Cesar Rezende de Santana e apresenta um café casual e moderno, trazendo um
pouco mais de sobriedade e menos mobilidade ao primeiro momento do espetáculo
e, com as mesmas estruturas e objetos, se transforma em um estúdio de balé, com
muito movimento e elementos coloridos, transformando completamente o ambiente
sem ao menos retirar ou colocar objetos de cena.
Vanderlei Conte assina a luz, que valoriza os climas do
espetáculo, com momentos de tensão, mistério e outros de leveza e dinâmica. Os
figurinos, de Camila Laczko, são bem realistas e captam totalmente a
personalidade e o momento de cada personagem, tanto nas cores como nos modelos
e estilos, sendo fiel ao local de trabalho onde cada uma delas estava antes do
encontro, o que seria a situação precedente ao espetáculo.
O andamento da trama e, principalmente, o desfecho realçam a
delicadeza do texto, pois o autor se utiliza do que poderia ser uma ‘boba
coincidência’ para desenvolver um texto engraçado, polêmico e emocionante.
FICHA TÉCNICA:
Texto e Direção: Renato Scarpin
Elenco: Carô Carvalho e Maritta Cury
Iluminação: Vanderlei Conte
Cenografia: Cesar Rezende de Santana
Sonoplastia: Fran Landhin
Coreografia: Cristiane Mendes / Ballet Academia Club 109
Figurino: Camila Laczko
Costureiras: Arlete Castro e Cida Corrêa
Operação de Som: Rafael Junqueira
Operação de Luz: Vanderlei Conte
Visagismo: Andre Mateus / Cabelaria
Fotos: Divulgação: Adágio Produções - Joilson Kariri /
Estreia: Sidnei Rodrigues
Arte Gráfica/ Identidade Visual: Alpio Stanchi
Direção de Produção: Maritta Cury
Teatro Augusta
Rua Augusta 943 – Consolação
Sala Paulo Goulart, 302 lugares. Acesso à deficiente.
De 01/07 até 01/10 (Quartas e Quintas às 21h)
INGRESSOS: R$ 50,00 (Inteira). Aceita cartões. Seguidores do
instagram @sampacomcriancas pagam R$
20,00
INFORMAÇÕES: (11) 3151 4141
CLASSIFICAÇÃO: 14 anos